Angel

"Eu me apaixonei à primeira conversa. A sabedoria das palavras e o tom ameno da construção das frases derrubaram quaisquer barreiras que eu pudesse impor à ela. Mas eu não soube disso imediatamente. Conversávamos há quase um mês. E precisei de duas semanas – tempo que fiquei sem vê-la, sem conversa, sem nenhum sinal dela – para descobrir o que sentia.
Eu conversava com outras pessoas, mas meu desejo maior é que apenas uma plaquinha do MSN subisse. E foi só no domingo, após duas longas e cinzas semana, que o ar fresco e os passos leves voltaram a mim. Ela estava na fazenda do avô e caíra de cavalo, por isso a ausência. Não sei se foi a felicidade pela presença dela ou uma simples frase que me deu coragem.

- Senti sua falta e pensei em você todos esses dias, cherie.
- Eu também senti tanta saudade... Não sei explicar...
- Não sabia se te encontraria ao voltar, pensei que tivesse me esquecido.
- Não esqueci, nem poderia.
- Por quê?
- Num curto espaço de tempo, Angel, você se tornou importante demais para mim. Senti falta de conversar com você, compor poesia até amanhecer o dia...
- Oh... Ah... Belle! Também queria muito ter voltado logo, como prometi! Pardon!
- Tudo bem! Você precisava se cuidar!
- Mesmo contrária, fiz o repouso que o médico pediu.
- Fez bem. Angel... Eu queria falar uma coisa...
- Diga, belle.
- Bem... Ensaiei tantas vezes, mas sei que absolutamente nada vai sair do jeito que planejei. A verdade é que eu estou apaixonada por você. Desde a primeira vez que conversamos. Todos esses dias que fiquei sem notícias suas foram insuportáveis pra mim. Meu único pensamento era querer saber de você. Eu precisava dizer.
Ela não respondeu de imediato. E aquele silêncio me enregelou o corpo todo. Não pensei nas conseqüências de minha confissão. Só depois de ter falado. Se ela não correspondesse, se ela achasse isso um absurdo, eu nunca mais a veria.
- Belle... Eu... Queria ter dito o que me disse, mas estava tentando ter coragem, com medo de que nunca mais a visse.
- Angel... Nem sei o que dizer!
- Não diga nada! Não precisa! Eu te amo, cherie! Je t'aime!
- Eu amo você!

No mesmo dia, estávamos namorando. Ela de Belo Horizonte e eu morando em Vila Velha. Foram oito meses de conversas até o dia nascer pelo MSN, troca de centenas de depoimentos pelo Orkut, telefonemas, troca de fotos, encontros e planos a duas. Senti-me viva, por inteiro! O que eu faria? Onde eu estaria, não fosse a luz dela a iluminar-me os passos, os sentidos, o coração?
Quando nossos destinos se cruzaram e nossos caminhos se fizeram um, soube que havia me encontrado. Vivemos um encontro de almas! Em nossa convivência, entendi que almas-irmãs posso encontrar muitas pelo caminho. Mas não pode haver outro encontro de almas como o nosso. Isso porque partilhamos a certeza de que uma só alma temos nós duas. E todos os dias foram de primavera até o dia 4 de junho de 2007, o dia que eu não queria ter vivido.
Angel faleceu, foi reencontrar seu irmãos, os Anjos. Mas a nossa história não terminou ali. E hoje eu continuo seguindo porque ela vive dentro de mim.
Feliz dia dos namorados, mon amour".

De: Brunella Wyvern, 4º período de jornalismo