terça-feira, 6 de maio de 2008

Inaugurando a semana em homengem às mamães

A menina e a mãe



A menina estava a horas sentada na calçada e nada da sua mãe chegar. A garota já tinha lido um gibi, comprado um sorvete na lanchonete da esquina; as unhas que demoraram tanto para crescer diminuíam.
Ela tinha certeza que a mãe cumpriria a promessa de chegar. Ela conhecia sua mãe e também se conhecia, sabia o quanto precisava de alguém importante assim ao seu lado. Uma mãe tão boa teria que chegar.
Não dava pra negar que ela estava gostando de ficar sozinha em casa. Eta vidinha boa!!! Ela almoçava todas as porcarias que tinha vontade de comer, escolhia suas próprias roupas e ainda tomava banho na hora que queria.
Mas essa adultisse já estava enjoando-a. Além do mais, o vigor, a força, a delicadeza de sua mãe estavam fazendo falta. Não adiantava mais fazer o tempo passar pegando os vestidos enormes e os sapatos de salto alto da mãe e ficar desfilando pela casa. Faltava platéia, faltava a mãe para aplaudi-la.
A mãe estava mudando com os constantes passeios para a capital. Ela não sabia se era dieta, mas os vestidos sempre ficavam largos na mãe. A mãe também começou a usar um cabelo diferente, bem curto e um ou outro dia até usava lenços que cobriam toda a cabeça. A menina pensava que sua mãe estava ficando cada fez mais elegante e que quando crescesse seria igual a ela.
E a certeza da chegada da mãe não diminuía. Não sei se por fé ou muito amor a menina permanecia na calçada. Mas a mãe não chegou. Quem apareceu foi o pai. Até hoje a mãe não chegou. Ás vezes a menina visita a mãe, e nessas visitas leva flores. Ela disse que não quer cortar o cabelo curto e nem usar lenços, também não quer emagrecer nem fazer passeios de tempos em tempos para a capital, porque quando tudo isso acontece, as pessoas nunca mais voltam.



À minha inesquecível Mãe...

9 comentários:

Thais Schoereder disse...

Nem sei se estou quebrando o protocolo comentando no blog que tb é meu... mas esse post simplesmente merece!
Lindo, emocionante e delicado!
Qndo decidimos fazer o blog juntas não imaginava que teria uma parceira tão talentosa!!

Aline Dias disse...

caramba, fabi.
Eu j� tinha lido, mas deu vontade de chorar.
Lindo.

Rafaella Rodrigues disse...

MTO lindo.
parabéns.. sua sensibilidade tocou lá no fundinho. Ficou excelente o texto.
grande beijo.

Mayara disse...

Fabi,
lindo seu texto, me emocionou de verdade. Tá bem escrito e do seu jeitinho, ficou realmente mto bom.
Parabéns!!!
Beijo enorme pra vc e pra Thá, to acompanhando sempre!!!

Anônimo disse...

Perdi até o fôlego!!!!!!!
Fabiana, o texto é simplesmente maravilhoso.
Tenho certeza que você está no caminho certo para ser uma excelente jornalista.

Parabéns!!!!!!!!!!!!

Rodrigo

Identidade Viva! disse...

OLha mocinha...
Li seu texto..já faz um tempinho...
e na hora não consegui escrever nada para você.
Se você tinha dúvida que o seu caminho é escrever..te dou certeza que você será uma ótima jornalista.
São poucos que conseguem escrever assim...com tanta sensibilidade.Você me fez chegar em casa e abraçar muito forte minha mamãe.
Tenho certeza que todos que leram olharam para sua mãe diferente no dia.

"O bom Jornalista provoca mudanças nas pessoas.Provoca reflexão".

Bjao...Te adoro!

Amora disse...

Eu também precisei de um tempo até conseguir comentar. É um texto difícil, mas tão doce. concordo com thais: é lindo, emocionante e delicado.

jana disse...

Fabi, seu texto é lindo, muito emocionante, me deu vontade de chorar, parabéns!!!!

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

lágrimas escorrem...